Data Mercantil

Open Banking deve injetar R$ 94 bi em crédito a pessoas físicas em 5 anos, diz Serasa

Além do setor imobiliário, os segmentos que devem registrar maior impacto no volume de crédito são de crédito consignado, crédito rural e cartão de crédito

O compartilhamento de dados bancários dos clientes, mediante consentimento, entre instituições financeiras, o chamado Open Banking, pode movimentar em cinco anos o equivalente a R$ 94 bilhões em linhas de crédito para pessoas físicas.

A estimativa é da Pesquisa Impactos do Open Banking no Mercado de Crédito realizada pela Serasa Experian.

Os especialistas analisaram a possibilidade da inserção de novos consumidores (Pessoa Física) no mercado de crédito, levando em conta os dados compartilhados via Open Banking e informações presentes no cadastro positivo (lista de pessoas com compromissos financeiros em dia).

O levantamento mostra ainda que o setor de financiamento imobiliário pode ser o mais beneficiado, com R$ 30,4 bilhões a mais no período de cinco anos.

Segundo Leonardo Enrique, head de Open Banking da Serasa Experian,“o sonho de uma grande parcela da população brasileira é a conquista da casa própria.”

Em 2021, foram disponibilizados pelas instituições financeiras R$ 815,2 bilhões em linhas de crédito para a compra de imóveis.

Com o Open Banking, o aumento pode ser de 3,7% para o mercado imobiliário no período de cinco anos, diz o especialista.

Segundo ele, os dados de Open Banking, transformados em análises acuradas, ampliam a probabilidade de os consumidores terem acesso a um crédito imobiliário, além de beneficiá-lo com uma análise mais rápida e menos burocrática.

Mais volume de crédito destinado à pessoa física eleva o poder de compra, impactando diretamente o crescimento econômico do país.

Segundo a Serasa Experian, além do setor imobiliário, os segmentos que devem registrar maior impacto no volume de crédito, até 2026, são de crédito consignado (R$ 18,1 bilhões extras), crédito rural (R$ 12,3 bilhões) e cartão de crédito (R$ 11,9 bilhões).

O Open Banking, ou sistema financeiro aberto, é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central, com a movimentação de contas bancárias a partir de diferentes plataformas, não apenas pelo aplicativo ou site do banco como, por exemplo, o Cadastro Positivo.

Com a permissão de cada correntista, as instituições se conectam diretamente às plataformas de outras instituições participantes e acessam o histórico financeiro dos clientes.

Com acesso aos dados dos usuários, elas podem fazer ofertas de produtos e serviços como empréstimos, por exemplo, para clientes de seus concorrentes, com tarifas mais baixas e condições mais vantajosas.

“O sucesso da iniciativa no país depende de as instituições serem capazes de oferecer uma proposta de valor clara ao consumidor, a fim de fazê-lo entender os benefícios de sua adesão”, aponta Enrique.

O economista Ricardo Macedo explica que a modalidade possibilita às instituições financeiras uma apuração melhor do perfil do cliente, como renda média, faixa etária, além de uma maior transparência no processo de intermediação de linhas de crédito.

“Quem optar pelo Open Banking vai poder agilizar e aumentar o volume de crédito. Porque vai estar associado à sua capacidade de pagamento. Para as instituições financeiras a vantagem é justamente essa: reduzir o risco e, com isso, podem oferecer crédito em um volume maior com uma taxa menor. A injeção desse crédito vai acontecer ao longo desse período”, declarou Macedo.

Devido à possibilidade de mais oferta de linhas de crédito, o economista Ricardo Macedo ressalta a necessidade do consumidor ser ponderado para evitar o aumento do endividamento.

“O consumidor tem que ter uma educação financeira para que ele não seja levado por estímulos a um consumo não consciente. O consumidor terá mais facilidade para obter um empréstimo, com juros mais baixos. Em contrapartida precisa ter uma consciência daquilo que pode fazer frente para não se tornar uma armadilha”, alertou.

De acordo com o Banco Central, todo o processo de compartilhamento de dados entre instituições é feito em um ambiente seguro e a permissão pode ser cancelada pela pessoa sempre que ela quiser.

Fonte: CNN

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