Data Mercantil

JV da Marfrig e ADM, PlantPlus dribla o menor apetite por plant-based

Companhia de produtos de proteína vegetal prevê investimentos em fábricas na América do Norte

Quase dois anos após ser criada pela brasileira Marfrig e pela americana ADM, a joint venture PlantPlus Foods atravessa a ressaca do outrora promissor mercado de plant-based sem perder o apetite. A companhia, que é 70% da Marfrig e 30% da gigante global do agronegócio, estreou na América do Norte com a aquisição da canadense Sol Cuisine e da americana Hilary’s – M&As que lhe custaram US$ 140 milhões – e avalia construir novas fábricas nos Estados Unidos.

“Temos grandes investimentos planejados para a segunda metade do ano na América do Norte, inclusive na construção de capacidades de produção”, disse o CEO da PlantPlus, John Pinto, ao Pipeline. Sediada em Chicago, um centro importante de inovação para a indústria global de alimentos, a PlantPlus tem hoje uma fábrica no Kansas, outra em Toronto e, no Brasil, aproveitou as instalações de um grande frigorífico que a Marfrig possui em Várzea Grande, no Mato Grosso.

Ao concentrar a estrutura produtiva nas Américas, o executivo costarriquenho pretende capturar a região com um dos maiores potenciais para essa indústrias. Nas projeções internas, a região deve ser responsável por 40% do consumo global de plant-based nos próximos anos.

O mercado de processados de proteína vegetal caiu na descrença de parte de investidores e indústrias depois que fundos de venture capital despejaram toneladas de dinheiro em companhias como Beyond Meat e Impossible Foods e depois viram a dificuldade de transformar tanta tecnologia e marketing em geração de caixa. A percepção da indústria é que o consumidor quer o produto e advoga por ele, mas os custos mais altos que a proteína animal, por exemplo, acabam restringindo o consumo. Se a inflação dispara, como é o caso, aí que o plant-based sai mesmo da lista.

Apesar dos efeitos macroeconômicos e do baque para o universo de startups, o executivo costarriquenho defende que a indústria novata veio para ficar e tende a se fortalecer com o tempo. “Temos visto a categoria viver as mesmas dificuldades, com pressões de mercado. Sim, o consumo é menor do que se via como potencial, mas ainda assim é muito atrativo”, disse Pinto.

A partir de pesquisas feitas pela ADM, a joint venture projeta que o mercado global de plant-based será de US$ 30 bilhões em 2030, um potencial ainda interessante. Estima-se que o mercado total esteja atualmente em US$ 4 bilhões.

Em algumas categorias de produtos, a PlantPlus cresce dois dígitos, afirmou o executivo sem detalhar os dados de faturamento. Quanto à lucratividade, ele admite que a joint venture ainda não gera caixa líquido, mas sugere que mesmo o mercado brasileiro apresenta bons sinais. Por aqui, a companhia dobrou de tamanho e se prepara para lançar novos produtos até agosto, o que inclui um produto vegetal que remete à linguiça toscana. A categoria já teve lançamentos da brasileira Fazenda Futuro, com linguiça de pernil.

No Brasil, o mercado de plant-based é liderado pela Incrível, marca da Seara (JBS).

Fonte: Pipeline Valor

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