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Lemon: startup da energia verde para PMEs capta R$ 60 milhões com Kaszek

Empresa fundada em 2019 conecta pequenos empreendimentos a fornecedores de energia sustentável em todo o país

A startup Lemon Energia foi pensada para solucionar duas dores caras a empreendedores do país. A primeira delas o custo fixo relacionado à energia elétrica, uma conta que acompanha oscilações de preço e, muitas vezes, pesa no bolso do empresário que precisa, literalmente, manter acesas as luzes e equipamentos, como refrigeradores, funcionando. Em termos de economia, a proposta da Lemon é reduzir em até 20% ao ano os gastos com energia para essas companhias.

Em outra frente, a climatetech nasceu também para atender a PMEs preocupadas com seu impacto no meio ambiente, atendendo uma leva de empreendedores engajados na causa da sustentabilidade.

Para isso, a Lemon Energia funciona como um marketplace da energia renovável para pequenas empresas, facilitando a conexão entre esses empreendimentos e geradores de energia elétrica de matrizes essencialmente limpas, como solar, eólica, biogás e pequenas hidrelétricas. Desde 2019, ano em que foi fundada, a startup paulista já conquistou 3.000 clientes e passou a atender, além de São Paulo, os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Pernambuco.

No modelo de negócio da Lemon, a relação entre o estabelecimento comercial e a distribuidora de energia é pouco afetada, e os impostos e taxas continuam sendo pagos a essas companhias, que variam de acordo com a região. A startup se encarrega de repassar os valores recebidos para as empresas geradoras. Para o cliente, a mudança está na matriz energética recebida, com a garantia da origem de fontes limpas.

Nas projeções da Lemon, desde que foi fundada, a startup ajudou empreendedores a economizarem cerca de R$ 4,3 milhões nas contas de luz.

Além das pequenas empresas, a proposta tem atraído também investidores de peso. Nesta quarta-feira, a Lemon Energia concluiu uma captação de R$ 60 milhões, numa rodada série A liderada pela Kaszek Ventures, um dos fundos de venture capital mais proeminentes para startups da América Latina. Além de Kaszek, também participou o Lower Carbon Capital, dedicado a startups de impacto ambiental. Essa é a primeira vez que o fundo aporta em uma empresa brasileira.

Alguns investidores anjo como Kevin Efrusy (um dos primeiros investidores do Facebook e Groupon), e Sergio Furio, CEO e fundador da Creditas também decidiram fazer parte da série A da Lemon.

“Era hora de capitalizar a empresa”, diz Rafael Vignoli, CEO e cofundador da Lemon. “Para isso, além do capital, era hora de trazer smart money para a empresa, com investidores com alguma experiência em tecnologia e com interesse em sustentabilidade”, explica.

Estar aberta a fundos tradicionalmente ligados à pauta de descarbonização também é uma chance de acompanhar uma tendência que já ganha força no exterior, segundo Vignoli. “No Vale do Silício, por exemplo, há players que já consideram as questões climáticas como peça fundamental da tese e, mais do que isso, já há a percepção de que não é possível deixar o Brasil de fora dessa conversa”, diz.

A Lemon pelo país

Uma parceria de longa data com a cervejaria Ambev já leva energia renovável a estabelecimentos comerciais em todo o país. Até 2023, a intenção da fabricante é conectar mais de 50.000 distribuidores às fontes renováveis por intermédio da Lemon.

Agora testado, o modelo de parceria deve ser replicado pela startup com outros players, especialmente os regionais. A mesma lógica de regionalização também vai basear a empreitada da startup em busca de novos geradores, numa tentativa de alcançar mais PMEs pelo país.

“Agora que aprendemos a operar nesse canal, vamos buscar mais geradores de energia limpa pelo Brasil, com um olhar bem regional”, diz o CEO. O foco está cidades menores e com grande potencial energético fora das grandes capitais.

A intenção é estar, até o final do ano, em mais de 10 praças, estabelecendo parcerias com as principais distribuidoras em cada uma delas. Também até dezembro, a Lemon quer ter boa representação no Norte e Sul do país, além de dobrar o número de clientes.

“O que vemos hoje no mercado de energia é o que acontecia no mercado financeiro há 10 anos: mudanças na regulação, poucos players dominam o assunto e ainda não há uma empresa que leve tecnologia para disruptar esse meio. Queremos ser essa empresa e usar tecnologia para isso”, diz Luciano Pereira, um dos fundadores da Lemon.

Para dar conta desse crescimento, a empresa irá usar o aporte para melhorar seu lado tecnológico. A ideia é contratar especialistas em dados, programadores e desenvolvedores capazes de melhorar a plataforma para a criação de novos produtos à medida em que novas oportunidades vão surgindo no mercado de energia. Ao menos 40 vagas devem ser abertas em 2022.

Fonte: Exame

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