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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Buscas por jornalista e indigenista desaparecidos são retomadas no Amazonas

Em entrevista à CNN, a auxiliar de coordenação da União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Soraya Zaiden, relatou conflitos na região

Equipes da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Força Nacional e da Polícia Federal retomaram, nesta terça-feira (7), as buscas pelo indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal “The Guardian”, que estão desaparecidos desde domingo (5) no Vale do Javari, no Amazonas.

A informação foi publicada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, no Twitter.

De acordo com a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Phillips seguia para uma localidade chamada Lago do Jaburu para entrevistar indígenas, acompanhado de Pereira.

Em entrevista à CNN, a auxiliar de coordenação da Univaja, Soraya Zaiden, afirmou que não considera a possibilidade de que os dois tenham se perdido na região.

“Nós nem consideramos essa possibilidade. O Bruno conhece muito bem a região, conhece muitíssimo bem. E ele já trabalhou ali por vários anos. O Dom já participou de algumas expedições que Bruno coordenou, principalmente no período que ele estava na Funai. Então não se cogita, essa possibilidade não existe”, disse.

“Infelizmente, a gente acredita que possa ter ocorrido algum evento de gravidade maior”, completa.

Para Soraya, a equipe pode ter sofrido algum ato de violência.

“Sim, é o que a gente pensa que pode ter acontecido e para isso, até para que a gente possa responder e atuar com resultados melhores a gente precisava de uma celeridade, que é o que não está acontecendo, o tempo está passando, a gente já vai para quase 72 horas e todas essas buscas começaram muito tarde”, afirmou.

O delegado da Polícia Federal (PF) Eduardo Fontes afirmou à CNN que as buscas estão sendo realizadas em parceria com a Marinha de barco e sobrevoando a região.

“Estamos com a Marinha no rio e sobrevoando a região para tentar encontrar os desaparecidos”, disse Fontes.

Ameaças

Soraya Zaiden afirma que a região é alvo de ações ilícitas e que a equipe da Univaja já chegou a receber ameaças anteriormente.

“A região é de conflito, temos muitos ilícitos acontecendo, tem tráfico de drogas, região narcotráfica e de fronteira, e temos extração de madeira, pesca ilegal, mineração, tudo isso acontecendo […] isso explica muito as ameaças que nossas equipes vêm sofrendo já há algum tempo”, disse.

Segundo Soraya, as ocorrências têm sido notificadas pelo grupo às autoridades.

“Tivemos no final de abril uma ocorrência de agressão dentro do município de Atalaia, que foi o motivo do nosso boletim de ocorrência. A gente tem reportado constantemente para as autoridades, tanto as evidências de ameaças como também as evidências de invasão na terra que nossas equipes de vigilância têm notificado, documentado e apresentado na forma de relatórios às autoridades para que se tomem alguma providência”, afirmou.

Leia abaixo a nota do Itamaraty sobre o desaparecimento

Desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia

O Governo brasileiro tomou conhecimento, com grande preocupação, da notícia de que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia.

Mobilizado desde logo, o Departamento de Polícia Federal (PF) está atuando naquela região e tomando todas as providências para localizá-los o mais rápido possível. A PF fez repetidas incursões e tem contado com o apoio da Marinha do Brasil, que se somou aos esforços nos trabalhos de buscas de ambos os cidadãos.

O Governo brasileiro seguirá acompanhando as buscas com o zelo que o caso demanda e envidando os esforços necessários para encontrar prontamente o profissional da imprensa britânica e o servidor da Fundação Nacional do Índio.

Na hipótese de o desaparecimento ter sido causado por atividade criminosa, todas as providências serão tomadas para levar os perpetradores à Justiça.

Os familiares e colegas de trabalho dos desaparecidos serão mantidos a par do progresso das buscas.

Fonte: CNN