Economia
Sexta-feira, 29 de março de 2024

Nomad capta mais US$ 32 milhões para bater um milhão de contas no exterior

Se a próxima etapa da competição financeira brasileira está no mercado internacional, a Nomad já atravessou a fronteira. A fintech, que foi criada como conta bancária em dólar para brasileiros e expandiu a plataforma para investimentos, acaba de levantar US$ 32 milhões em uma extensão de sua rodada série A. Em julho passado, a startup tinha levantado US$ 20 milhões.

“Assim como toda startup, a gente tinha que validar nossa proposta de valor e acredito que, nesses primeiros 18 meses de operação, conseguimos isso. Nós oferecemos uma forma para o brasileiro se proteger da volatilidade da moeda, o que historicamente é um problema”, diz Lucas Vargas, o CEO e sócio da Nomad, que fez carreira à frente do grupo Zap. “Somos uma plataforma digital, gratuita, para brasileiros, feita por brasileiros.”

Com o novo investimento, a startup acaba de atingir o valuation de R$ 1 bilhão em um ano e meio de operação – a constituição da empresa começou em 2019, mas as contas começaram a rodar depois. Desta vez, o aporte foi liderado pela Stripes, gestora com sede em Manhattan e US$ 7,6 bilhões sob gestão.

A Stripes é focada em investimentos ligados a consumo e softwares e tem no portfólio companhias como a plataforma de e-learning Udemy, a famosinha marca de comida para pets Stella & Chewy’s e a plataforma de crowdfunding GoFundMe. O fundador do VC, Ken Fox, também criou a Internet Capital Group, listada na Nasdaq, e a gestora A10 Capital.

Investidores que já constavam no cap table da Nomad, como Monashees e Spark Capital (que tem Twitter, Slack, Coinbase no portfolio), Globo Ventures, Propel e Abstract também acompanham a rodada. Ao todo, a fintech já levantou o equivalente a R$ 300 milhões desde o lançamento do aplicativo, em novembro de 2020.

A companhia desenhada por Patrick Sigrist, um dos fundadores do iFood, Marcos Nader e Eduardo Haber, nasceu com o objetivo de democratizar o acesso a serviços bancários internacionais para brasileiros, um mercado até então dominado pelo private banking local. Inicialmente, a operação era voltada apenas aos EUA, mas hoje já é possível usar o serviço em mais de 50 países.

“Logo que saí do iFood, fui morar na Califórnia e senti a necessidade de ter uma conta em dólar, começar a investir. Era muito complicado o acesso a crédito, fazer um cartão, era difícil até para mandar dinheiro para cá”, lembra Sigrist. Quando voltei e fui trabalhar no Neon tive essa ideia de democratizar o acesso. Era um super desafio, ninguém estava olhando para isso.”

Os serviços de banking incluem conta corrente, cartão de crédito e débito, câmbio e saque em caixa eletrônico nos Estados Unidos e países da Europa e América Latina. O funding vem em boa hora: a Nomad quer sustentar um crescimento dos atuais 300 mil clientes para a meta de um milhão de usuários até o fim do ano.

A marca era projetada só para o final de 2023, mas como o ritmo de adesão de clientes aumentou, a Nomad acelerou o passo e acha que bate o número mais cedo. É um número ambicioso, considerando que a maior nesse mercado hoje, a fintech Avenue, tem 600 mil clientes e que a disputa deve aumentar – há duas semanas, a XP anunciou o lançamento de sua conta internacional para o varejo, voltada a investimentos, e a startup Passfolio também disputa sua fatia nesse segmento.

“Concorrência é sempre saudável para todo mundo. Isso faz com que a gente se obrigue a ter um produto e um serviço melhor. Nós estamos focados em banking, com uma abrangência maior de público e trabalhamos apenas com moeda forte”, avalia Sigrist. “A XP está se vendo obrigada a oferecer serviço lá fora, mas a margem desse tipo de investimento é pequena e esses players trabalham muito mais com produtos próprios e visando uma rentabilidade maior. Nós temos essa pegada mais democrática, de dar acesso.”

As fintechs atraem os brasileiros para o serviço internacional de banking fazendo o câmbio em dólar comercial e com IOF de 1,1% nas remessas para conta bancária e 0,38% para a conta investimentos, enquanto os gastos internacionais feitos com cartão de crédito local têm incidência de 6,38% de IOF.

Na estrutura do negócio, a Nomad tem parceria com o Evolve Bank & Trust e a corretora Drive Wealth e os cartões, são bandeira MasterCard. Numa medida de seu crescimento, a fintech passou de 40 para 250 colaboradores em um ano e meio, e deve agregar mais 50 pessoas à equipe até o mês que vem.

Fonte: Pipeline Valor