Data Mercantil

Sem Free Fire, Shopee não quer queimar cartucho na Índia e prefere Brasil

Com jogo banido, companhia teria que injetar capital no ecommerce, que ainda queima caixa – optou por deixar o país

Um fenômeno no Brasil, com o aplicativo mais baixado entre lojas de ecommerce, a Shopee vai ter que enfrentar as restrições regulatórias e os obstáculos da concorrência para continuar a crescer em ritmo acelerado e gerar caixa. A companhia acaba de sair da Índia, onde a controladora Sea Limited já tinha sido alvejada com a decisão do governo de banir o Free Fire, o popular game para celular que sustenta o conglomerado.

A plataforma fundada em Cingapura estava operando na Índia desde outubro do ano passado e já acumulava mais de um milhão de downloads e cerca de 100 mil pedidos por dia no país – os indianos têm se mostrado ávidos consumidores dos apps de varejo. Mas o recuo, que vem semanas depois de um escrutínio regulatório a empresas com ligações chinesas no país, pode indicar uma dificuldade de expansão internacional da marca, que já tinha anunciado sua saída da França.

O Free Fire foi banido da Índia em fevereiro, como parte de uma repressão governamental a empresas asiáticas que supostamente enviam dados para servidores chineses. Analistas já cogitavam que a Shopee pudesse ser alvo de medida semelhante, com impedimento a downloads do app.

Sem o fluxo de caixa do Free Fire, a Sea teria que injetar capital para suportar a queima de caixa no ecommerce na Índia, impactando sua capacidade de investir nos mercados prioritários na Ásia e no Brasil e atrapalhando a meta de ter Ebitda positivo entre 2022 e 2023, ressaltaram os analistas do UBS num relatório hoje.

A Sea nega qualquer fornecimento de informação à China e também diz que a saída não tem a ver com qualquer questão regulatória. Segundo a Shopee, o motivo seria a incerteza no mercado global. Desde outubro do ano passado, quando começou a operar na Índia, a controladora viu seu valor de mercado minguar — saindo de US$ 200 bilhões para atuais US$ 65,2 bilhões.

Apesar de ter mais que dobrado a receita no ano passado, para cerca de US$ 10 bilhões, o prejuízo aumentou de US$ 1,6 bilhão para US$ 2 bilhões. Na Shopee especificamente, houve um corte da previsão de crescimento para este ano, de 157% para 76%.

No Brasil, o app lidera em número de downloads nas lojas de aplicativo, mesmo num cenário de perda de força no varejo digital e nos marketplaces, devido ao fim do isolamento social e retomada na circulação em lojas físicas.

Concorrentes como Havan e Multilaser prometem dificultar a vida das asiáticas – em interlocução com o governo, as varejistas locais têm reclamado do custo que arcam com importações, o que seria driblado nessa venda pulverizadas dos apps orientais aos consumidores, incluindo produtos falsificados.

A Receita Federal avisou que deve acabar com a alegria do que esse grupo define como “camelódromos virtuais” e prepara uma Medida Provisória para garantir o controle das mercadorias que passam por plataformas como Shopee, Shein e AliExpress.

Fonte: Pipeline Valor

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