
O slogan do app para pessoas casadas é “feito por e para mulheres”, mas não é bem assim
Na era da paquera digital, o Gleeden se apresenta logo de cara como um app de relacionamento específico para encontros extraconjugais, presente em 29 países e oficialmente no Brasil há cerca de um ano. O app acaba de passar a marca dos 250 mil usuários no país, marcando o crescimento mais rápido na América Latina para um primeiro ano de operação.
No mundo, são mais de 9 milhões de usuários, sendo 1,5 milhão na América Latina. Em número de usuários na região, o Brasil ainda fica atrás de Colômbia e México.
Uma peculiaridade do Gleeden é que seu marketing é construído sobre o slogan “pensado por e para mulheres” — a traição já começa por aí, já que na realidade os fundadores são homens, assim como 70% dos usuários do app.
A companhia foi criada pelos irmãos franceses Ravy e Teddy Truchot em 2009, voltada para o público masculino — a roupagem feminina veio de algumas reuniões de brainstorming tempos depois, para se diferenciar de apps concorrentes. O conselho de administração também é predominantemente masculino, mas a companhia fez um esforço de contratações femininas desde o ajuste de foco e afirma que hoje “75% dos cargos de decisão” são ocupados por mulheres (sem especificar os cargos).
Os irmãos seguem no comando, mas a porta-vozes da companhia são as diretoras. A companhia também garante que essa mudança de foco trouxe uma atenção a questões de maior vulnerabilidade para o público feminino — o Tinder, sob pressão com casos de golpes financeiros e agressões sexuais, que o diga.
“Nenhum dos nossos perfis é fake, todos são validados. Temos times que trabalham para garantir que tudo o que está acontecendo seja seguro”, explica Silvia Rubies, diretora de comunicação e marketing para Espanha e América Latina, ao Pipeline. “Por exemplo, se identificamos palavras-chave como dinheiro ou interesse em uma conversa, podemos suspeitar que algo esteja acontecendo, ter acesso a ela e apagar a conta se necessário.”
No Gleeden, quem paga são os homens, que precisam adquirir créditos para interagir na plataforma, de R$ 29,99 a R$ 199,99. Sem anúncios ou parcerias, o faturamento vem dessas assinaturas. Soa aquele velho esquema de balada que mulher entra de graça para atrair homens pagantes, um tanto démodé para o discurso empoderado do app. Rubies afirma que a decisão de cobrar do público masculino é prática: se ele tiver que pagar, é mais provável que repense quando cogitar enviar uma foto íntima não solicitada.
Fonte: Valor Pipeline