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Premier do Camboja é 1º líder estrangeiro em Mianmar desde golpe da junta

O primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, desembarca em Mianmar, nesta sexta-feira (7), para se reunir com os líderes da junta militar, nesta que é a primeira visita de um líder estrangeiro ao país desde o golpe de Estado dado há quase um ano.

O líder cambojano, que também ostenta a presidência rotativa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), planeja ficar dois dias no país para tentar “acalmar as tensões”, após o golpe de 1º de fevereiro de 2021.

A manobra derrubou o governo dirigido pela civil Aung San Suu Kyi e levou a uma repressão dos dissidentes que deixou mais de 1.400 civis mortos, enquanto milícias armadas contra a junta aparecem em todo território.

Há “todos os ingredientes para uma guerra civil” em Mianmar, advertiu o ministro das Relações Exteriores do Camboja, Prak Sokhonn.

ONGs internacionais e militantes antijunta pediram a Hun Sen que renunciasse à visita, mas ele disse estar disposto a estender sua estada, se necessário.

O primeiro-ministro se reunirá com o chefe da junta, Min Aung Hlaing, de acordo com um comunicado do governo cambojano.

O regime birmanês está sob pressão diplomática internacional, incluindo da Asean, organização com frequentemente acusada de indolência.

O bloco excluiu Min Aung Hlaing de uma cúpula em outubro, depois que a junta não permitiu que um enviado especial se reunisse com Aung San Suu Kyi.

Os avanços no terreno ainda são poucos, e as atrocidades continuam. Um dos episódios mais recentes foi o massacre de cerca de 30 pessoas queimadas na véspera de Natal. A ação teria sido cometida por militares.

“Se Hun Sen realmente quiser ajudar, deve cancelar esta viagem e instruir a Asean a tomar medidas enérgicas para resolver a situação desastrosa do país em matéria de direitos humanos”, afirmou a vice-diretora da Anistia Internacional para o Sudeste Asiático, Emerlynne Gil.

A junta justificou o golpe, alegando que houve fraude em massa nas eleições gerais vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi, em novembro de 2020. Em detenção domiciliar e já condenada a dois anos de prisão, a ex-líder civil de 76 anos enfrenta diversos processos judiciais que podem levá-la a passar dezenas de anos atrás das grades.

Fonte: AFP

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