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Pesquisa diz ter encontrado ‘santo Graal’ da arqueologia no sul da Espanha

Um doutorando da Universidade de Sevilha pode ter, enfim, descoberto a localização do histórico templo de Hércules Gaditano, um centro de peregrinação erguido na região da península Ibérica por volta do século 8º a.C. O lugar era conhecido pelos fenícios como Melqart e anos depois recebeu visitas do imperador romano Júlio César.
A descoberta foi noticiada em dezembro pelo jornal espanhol El País.
De acordo com Ricardo Belizón e seu orientador Antonio Sáez Romero, do Departamento de Pré-história e Arqueologia da instituição, foram encontrados no mar vestígios que podem ser do templo, entre a região de Camposoto (no município de San Fernando, no sul da Espanha) e a ilha de Sancti Petri, a cerca de 100 quilômetros de Gibraltar.
A localização exata seria entre o castelo de Sancti Petri e uma faixa de areia conhecida como ponta de Boquerón.
Antes dessa descoberta, outros estudos já apontavam a região como a provável localização do espaço sagrado –descobertas arqueológicas têm sido feitas no local há mais de dois séculos. Desta vez, no entanto, os indícios são mais fortes.
Inicialmente, a pesquisa de Belizón se propunha a investigar como era a paisagem costeira da baía de Cádiz, na região da Andaluzia, onde também estão San Fernando e Sancti Petri. O trabalho, porém, ganhou outra direção depois que ele constatou que a região era fortemente antropizada (ou seja, onde houve a conversão de ambientes naturais pela ação humana).
Entre as características distintas do que até então se acreditava sobre o passado da baía foram encontradas uma grande construção, quebra-mares, amarrações e um porto.
“Os pesquisadores são muito relutantes quanto à ‘arqueologia espetaculosa’, alimentada pela mídia, mas, nesse caso, nos deparamos com descobertas espetaculares”, disse a El País Francisco José García, diretor do Departamento de Pré-história e Arqueologia da Universidade de Sevilha, na apresentação do trabalho.
O templo era considerado o tesouro de Gadir, cidade fenícia mais importante da península Ibérica, e um dos mais relevantes para o oeste mediterrâneo. Várias obras milenares, que vão do ano 1 a.C até o 5 d.C., abordam a história do espaço sagrado e afirmam que o imperador romano Júlio César chorou ao se deparar com uma estátua de Alexandre, o Grande, no local.
Com o passar dos anos, porém, nada do santuário resistiu, e sua localização se tornou incerta. Acredita-se que ele tenha sido modificado pelas várias civilizações que dominaram a região, até ser completamente engolido pelo mar.
A estrutura encontrada no oceano pelos arqueólogos é retangular e tem cerca de 300 metros por 150 metros, características semelhantes às do templo, segundo relatos históricos.
Conforme destaca El País, o conjunto ainda tinha uma fachada, na qual eram narrados os 12 trabalhos de Hércules segundo a mitologia grega. Além disso, acredita-se que o templo abrigava uma chama que nunca se apagava.
O local ainda era acessível a navios fenícios, púnicos e romanos e abrigava várias supostas relíquias do mundo antigo.
Apesar dos resultados da pesquisa de Belizón, ainda não é possível confirmar que o local é realmente o ponto exato onde funcionou, por séculos, o templo. Os estudiosos precisarão analisar muitos outros resquícios em uma área de difícil acesso e pouca visibilidade.
Os próximos passos serão a elaboração de levantamentos arqueológicos (terrestres e subaquáticos) e estudos documentais, além de outros procedimentos mais técnicos. Ao fim do trabalho, os arqueólogos pretendem reconstruir a história da área e apontar a cronologia, a tipologia e os usos de cada uma das estruturas detectadas.

Fonte: FolhaPress

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