Economia
Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Marisa dispara com injeção da família Goldfarb

Rede de vestuário feminino pode receber quase R$ 250 milhões e resolver passivo de curto prazo

Após considerar uma porção de alternativas — inclusive a venda — para tirar a Lojas Marisa de uma desconfortável concentração das dívidas no curto prazo, a família Goldfarb decidiu capitalizar o negócio, eliminando os riscos de liquidez.

A transação — um aumento de capital privado que pode chegar a quase R$ 250 milhões se os minoritários aderirem — sairá com desconto de 15% sobre o já combalido preço de tela de sexta-feira. No ano, AMAR3 acumula uma desvalorização de mais de 40%, com a rede de vestuário valendo cerca de R$ 1 bilhão. Na emissão privada, as ações sairão a R$ 3,08. O papel fechou a R$ 3,62 na sexta-feira.

A família Goldfarb, que controla a Marisa com 57,2% do capital, se comprometeu a injetar R$ 89,9 milhões na companhia. A decisão, anunciada na sexta-feira à noite, foi bem recebida pelos investidores, e também deve provocou uma correria nos shorts. Marisa era o papel mais alugado da bolsa, com 18,2% do free float emprestado até sexta-feira.

Às 15h, o papel disparava 14,9%, cotado a R$ 4,16. A leitura do mercado é que o aumento de capital vai mesmo resolver o problema do endividamento, que se acentuou durante a pandemia — as lojas de rua da Marisa ainda sofrem com o fluxo mais fraco dos clientes.

Na prática, a Marisa já está contratando um duplo aumento de capital. Para convencer os acionistas, a companhia dará um bônus de subscrição que poderá ser exercido entre 15 de setembro e 15 de novembro de 2022, com o que rede poderá injetar mais R$ 250 milhões no caixa. O preço de exercício do bônus ficou em R$ 3,62 — e dará direito a 0,85 da ação.

“Marisa anunciou aumento de capital forte, na bacia das almas. O planilheiro vai reclamar da diluição. Já eu fiquei feliz que vai resolver o problema da dívida, e mais ainda, que tenho grana para subscrever. Problema de quem não tem. Voa fênix”, escreveu o gestor Luiz Fernando Alves, da Versa, no Twitter.

Pelos últimos dados disponíveis na CVM, a Marisa era uma das principais posições do Versa Long Bias — um dos principais fundos da casa —, com 13% do patrimônio alocado na rede de moda feminina. A gestora é a maior acionista depois da família Goldfarb, com mais de 5% do capital.

Ao Pipeline, o gestor da Versa argumentou que a capitalização da Marisa remove um risco de cauda que poderia fazer mais dificuldades para a companhia, sobretudo em um ambiente de alta de juros. “Se ela pegasse um vento contra, como uma outra pandemia, ela teria um problema”, frisou.

Além disso, a capitalização dá recursos para modernizar as lojas — convertendo para o modelo testado com sucesso no Shopping Dom Pedro, em Campinas — e abrir mais unidades em shoppings, tipo de loja que vem apresentando melhores resultados. “A Marisa não conseguia investir na expansão, e estava gastando muito para pagar juros”, disse Alves.

Fonte: Valor Pipeline