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Peça do ciclo ‘7 Leituras’ homenageia cientistas brasileiros do século 19

MARINA LOURENÇO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O último episódio do ciclo de leituras dramáticas “7 Leituras – Diálogos no Isolamento”, dirigido pela baiana Eugênia Thereza de Andrade e criado em meio à pandemia de coronavírus, estreia no dia 9 de fevereiro, às 16h, no canal do YouTube do Sesc 24 de Maio.
A peça “Carcará 13” é uma adaptação que Andrade chama de um nonsense inédito e retrata temas como ciência, clássicos teatrais e a Covid-19.
Homenageando cientistas e intelectuais brasileiros do século 19 como César Lattes, Leite Lopes, Luiz Hildebrando, Mário Schenberg e Samuel Pessoa, a diretora de “Diálogos no Isolamento” encerra a 14ª temporada de seu projeto cênico “7 Leituras, 7 Autores, 7 Diretores”, que reúne cânones literários e há mais de uma década é apresentado no Sesc São Paulo.
Assim como grande parte do setor teatral, que se viu obrigado a migrar as atividades para o universo digital em meio à pandemia –e lidar com uma série de inovações no processo criativo–, a última temporada de “7 Leituras” foi totalmente gravada e exibida na internet.
Segundo a diretora, o cineasta Orlando Senna, que foi um dos espectadores da série, gostou tanto da experiência que definiu o teatro online como “a oitava arte”.
“Para mim, que não sei usar computador e só sei escrever à mão, foi bem difícil”, diz ela. “Mas, mesmo assim, consegui dirigir e estou muito feliz com o processo.”
A dramaturga relata ainda que os cenários dos atores que contracenavam eram praticamente iguais porque, apesar de cada um deles ter trabalhado na própria casa, a equipe usou os mesmos materiais para criar um efeito de ilusão aos olhos do público.
“Diálogos no Isolamento” traz uma série de vídeos teatrais encenados a partir de obras de João Cabral de Melo Neto, Plínio Marcos, William Shakespeare, Bertolt Brecht, Peter Weiss e Primo Levi. A série, que foi gravada entre agosto do ano passado e fevereiro deste ano, já soma mais de 3.000 visualizações no YouTube.
A história que encerra o ciclo, “Carcará 13”, retrata a vida de dois atores que há anos encenam os personagens Estragon e Vladimir, de “Esperando Godot”, de Samuel Beckett, mas precisam lidar com o desemprego após a chegada da pandemia do novo coronavírus. O texto, marcado por uma estética nonsense, mescla cenas de humor e angústia.
Nascida no sertão da Bahia, Andrade é formada pela Escola de Teatro da Universidade da Bahia e carrega no currículo adaptações e direções de diversas peças, incluindo “A Casa de Bernarda Alba”, de 1984, e “Amores Difíceis”, de 1999.

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