TETÉ RIBEIRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com um título que não poderia ser mais contemporâneo, apesar de ter sido criado muito antes da pandemia do novo coronavírus, “Jerry Seinfeld: 23 Hours To Kill” (“23 Horas Para Matar”, em português), começa com uma cena gravada fora do teatro, coisa inédita nos especiais de stand up de Jerry Seinfeld para a TV. Ele aparece dentro de um helicóptero, o piloto avisa que o tráfego está congestionado e ele provavelmente vai se atrasar. Ele responde, como se estivesse num táxi: “me deixa em qualquer lugar por aqui”, e então salta dentro do rio Hudson, em Nova York, com roupa de mergulhador.
De lá, corta para os bastidores do teatro, onde ele tira a roupa de mergulhador, revela o terno que tinha por baixo e entra correndo – e completamente seco – no palco. A ousadia foi explicada pelo comediante em uma entrevista ao jornal The New York Times: “Quem mais faria uma coisa ridícula dessas aos 65 anos?”. Era também uma brincadeira com o título do especial, que soa meio como um filme de James Bond.
Sim, Seinfeld tem 65 anos. Ou tinha, quando gravou o especial no teatro Beacon de Nova York, em outubro do ano passado. Completou 66 no último dia 29. E não podia estar melhor. Ele fala sobre isso, como está bem e adorando essa fase da vida, em que pode simplesmente dizer não para qualquer convite que receba, que provavelmente vai ser muito parecido com alguma coisa que ele já viu antes. E não vê a hora de chegar aos 70, quando não precisará nem dizer o não, basta fazer um gesto de desprezo com a mão.
O especial tem duas partes. Na primeira, ele é o Jerry Seinfeld de sempre, fazendo observações minuciosas sobre assuntos mundanos que parecem nos revelar uma verdade que estava na nossa cara, mas ninguém tinha pensado. Ele é como um mágico das palavras, um ilusionista do pensamento, que nos faz ver o que estava ali como se fosse uma grande revelação.
O primeiro tópico é talvez um dos escritos de Jerry mais bem acabados, sobre como as coisas ótimas e péssimas são muito próximas umas das outras. Ele fala sobre como a gente segue na vida com amigos irritantes e que são quase sempre péssimos porque ninguém quer se dar o trabalho de fazer novos amigos que depois vão revelar suas manias e lados péssimos. E como nada é ótimo o tempo inteiro, tem sempre algo péssimo que acompanha.
E como hoje em dia a gente tende a classificar tudo de duas só maneiras: ótimo ou péssimo. Claro que ele interpreta cada frase de seu pensamento com muito mais brilho do que um texto permite. Aliás, nesse especial, Jerry exibe um humor físico muito mais exuberante do que nos anteriores.
Nossa dependência dos smartphones e a troca definitiva das mensagens de texto pelas conversas ao telefone também são assuntos do qual Jerry tira ouro. Ver o comediante falando e acompanhar seu pensamento enquanto ele apresenta seus argumentos traz a mesma satisfação de ver um bom episódio da série “Seinfeld”, que ele co-criou e protagonizou por nove temporadas entre os anos 1980 e 1990. É como ouvir uma boa música dos Beatles ou dos Rolling Stones, assistir a um bom espetáculo de dança de Pina Bausch. Um clássico.
A segunda metade do especial é um pouco mais intimista, ele fala dele, de como se casou tarde porque tinha “questões” a respeito do casamento e como estava se divertindo horrores com elas. Fala dos filhos, de férias em família e então, talvez, se estenda um pouco demais nas diferenças entre o cérebro dos homens e das mulheres, para chegar à conclusão algo simplista de que as mulheres são sempre melhores em tudo. É fofo, e engraçado, mas não tão brilhante como a primeira metade.
De qualquer maneira, esse, sim, é um programa de TV cinco estrelas, e não bom já que estamos mesmo todos trancados em casa sem nada melhor para fazer. Esse é um especial para ser visto e revisto, em tempos de quarentena ou depois da nossa liberdade. E vai ser ótimo sempre.
Cultura
Sábado, 12 de julho de 2025
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